Vocação para a Escrita
Desde muito jovem, Anne Frank demonstrava uma vocação extraordinária para a escrita. Seu maior refúgio sempre foi colocar seus pensamentos no papel. Em 12 de junho de 1942, quando completou 13 anos, recebeu de presente um diário encadernado em tecido xadrez vermelho e branco. No diário, ela escrevia para Kitty, como se fosse para uma amiga, durante os dois anos em que permaneceu escondida no Anexo Secreto.
Anne passava horas sentada à sua escrivaninha, com sua caneta-tinteiro, registrando não apenas os acontecimentos diários, mas também seus sentimentos, medos e sonhos. No pequeno espaço que ocupava, a cadeira e a escrivaninha tornaram-se seu universo particular, onde ela podia dar vida às palavras, transformando sua realidade opressiva em algo que, pelo menos em sua imaginação, parecia suportável.
Durante o tempo no esconderijo, além de escrever seu diário, Anne se dedicava à criação de contos e até mesmo ao esboço de um romance intitulado A Vida de Cady. Sua sede por conhecimento era intensa. Estudava latim, francês e matemática com a ajuda dos livros e materiais fornecidos por seus protetores do lado de fora. Mesmo vivendo em constante medo, não deixava de escrever e sonhar em se tornar uma escritora publicada.
Em 5 de abril de 1944, registrou em seu diário:
“Quando escrevo, consigo me livrar de todas as minhas preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas, e essa é a grande questão, será que algum dia conseguirei escrever algo grandioso? Será que um dia me tornarei jornalista ou escritora?”
Infelizmente, Anne Frank não viveu para ver seu sonho realizado. Em 4 de agosto de 1944, a Gestapo descobriu o esconderijo e a família Frank foi presa. Em setembro, Anne e sua irmã Margot foram deportadas para Auschwitz e, posteriormente, transferidas para Bergen-Belsen, onde morreram de tifo em fevereiro de 1945.
Seu pai, Otto Frank, o único sobrevivente da família, encontrou e preservou o diário de Anne após a guerra. Ele decidiu publicá-lo em 1947, com o título O Diário de uma Jovem Garota, garantindo que a voz de sua filha jamais fosse esquecida. Desde então, o diário já foi traduzido para mais de 70 idiomas e inspirou milhões de pessoas ao redor do mundo.
Fonte: https://hmd.org.uk/resource/anne-frank/