"Ela era a última..."
Pavel Friedmann nasceu em 7 de janeiro de 1921, em Praga, República Tcheca. Há poucos registros sobre ele, além do fato de que era um poeta judeu. Aos 21 anos, foi deportado para o campo de concentração de Theresienstadt em 28 de abril de 1942 (sua data registrada de chegada). Em uma folha fina de papel, em 4 de junho de 1942, escreveu um pequeno poema chamado The Butterfly. Em 29 de setembro de 1944, Pavel foi transferido para Auschwitz, onde foi assassinado ao chegar.
Há pelo menos duas versões de The Butterfly, devido a diferentes traduções. A seguir, apresentamos as duas versões em português (tradução própria).
A Borboleta – Versão 1
Ela era a última. Verdadeiramente a última.
Tal amarelo era amargo e ofuscante,
Como a lágrima do sol estilhaçada na pedra.
Essa era sua verdadeira cor.
E quão facilmente ela subia, e quão alto,
Certamente, subindo, ela queria
Beijar o último do meu mundo.
Estou aqui há sete semanas,
‘Guetoizado’.
Quem me amou me encontrou,
Margaridas me chamam,
E os galhos da castanha branca também no quintal.
Mas não vi uma borboleta aqui.
Aquela última foi a última.
Não há borboletas aqui, no gueto.
A Borboleta – Versão 2
A última, a última,
Tão rica, brilhante e deslumbrantemente amarela.
Talvez se as lágrimas do sol cantassem
Contra uma pedra branca…
Tal, tal amarelo
É carregado levemente, bem alto.
Ela foi embora, tenho certeza, porque queria
Dar um beijo de despedida no mundo.
Por sete semanas eu vivi aqui,
Preso dentro deste gueto.
Mas eu encontrei meu povo aqui.
Os dentes-de-leão me chamam,
E as velas brancas de castanha no pátio.
Só que eu nunca vi outra borboleta.
Aquela borboleta foi a última.
Borboletas não vivem aqui,
No gueto.
Fonte: Holocaust Memorial Day Trust (HMDT), 2020; JACOBSEN, J. 2019; USHMM; Yad Vashem
