Escultura de Samuel Willenberg
Entrevista com Samuel Willenberg, Sobrevivente do Campo de Extermínio de Treblinka
Minha colega Liz Elsby e eu nos sentamos para entrevistar Samuel Willenberg no domingo, 4 de dezembro de 2011, em seu apartamento em Tel Aviv, Israel. Sua esposa, Ada, também sobrevivente do Gueto de Varsóvia, esteve presente, nos serviu chá e doces, e contribuiu para a conversa e para nosso conhecimento.
Samuel nasceu em 1923, em Częstochowa, Polônia. Quando os alemães invadiram a Polônia, ele tinha 16 anos, mas se alistou no Exército Polonês para lutar contra eles e foi gravemente ferido. Sua família se mudou para Opatów por um tempo. No outono de 1941, enquanto se escondia dos alemães, suas duas irmãs foram presas em Częstochowa. Seus pais conseguiram sobreviver em Varsóvia com documentos falsos. O próprio Samuel foi levado junto com os judeus de Opatów para Treblinka, quando o gueto da cidade foi liquidado. Ele passou cerca de dez meses realizando trabalho forçado no campo de extermínio de Treblinka e participou da revolta ali em 2 de agosto de 1943. Posteriormente, juntou-se à resistência polonesa e participou da Revolta de Varsóvia em 1944. Por sua bravura, recebeu a medalha Virtuti Militari, a mais alta condecoração militar da Polônia, e a Ordem Komandorski da Polônia Restituta. Fez aliyah para Israel em 1950.
Treblinka foi o campo de extermínio mais letal da Operação Reinhard, onde aproximadamente 870.000 judeus foram assassinados nos treze meses em que o campo esteve em operação, de julho de 1942 a agosto de 1943. Atualmente, acredita-se que restem apenas dois sobreviventes de Treblinka vivos no mundo: Samuel e Kalman Taigman.
Samuel criou uma série de quinze esculturas retratando cenas de Treblinka. Suas obras foram exibidas na Alemanha, na Polônia e em Israel.
Como você começou a esculpir?
Quando me aposentei, fiz cursos de arte em uma universidade local em Tel Aviv (Universidade Ammamit). Comecei com pintura, mas decidi esculpir.
Qual escultura você considera a mais impactante?
Cada pessoa tem uma escultura favorita. Minha esposa gosta da escultura do pai ajudando o filho a tirar os sapatos. Isso acontecia logo antes de irem para a câmara de gás. Essa cena resume toda a história da Shoá.
Pode nos contar mais sobre a escultura do menino com o pai ajudando-o a tirar os sapatos?
Sim. É preciso entender o contexto — não é apenas um pai ajudando seu filho a tirar os sapatos em casa. Isso está acontecendo no caminho para a câmara de gás. Essa explicação muda todo o significado da cena. O menino está segurando um barbante porque os “vermelhos” — os prisioneiros com braçadeiras vermelhas na plataforma — davam barbantes para os recém-chegados e lhes diziam para amarrar os sapatos juntos.
Essa cena do menino e do pai — eu vi isso acontecer. Eu estava ao lado deles. Vi as pessoas passando por isso. Aconteceu perto de um barracão. Eu vi acontecer! Outros estavam tirando seus sapatos sozinhos. E, depois disso, essa cena permaneceu sempre diante dos meus olhos.
Disponível em: https://www.yadvashem.org/articles/interviews/willenberg.html#footnoteref3_6itogkh. Acesso em: 14 de mar. 2025