Judit Schichtanz (1935-2011) nasceu em Budapeste, Hungria, filha de Lorand Schichtanz (1900) e Ella Lichtig (1904-2005). Seu pai era desenhista arquitetônico, e sua mãe, professora de piano. O casal, judeus assimilados que se integravam à cultura local, casou-se em 18 de junho de 1931. Todos os anos, montavam uma árvore de Natal para Judit, e Ella lecionava música em um convento.
Em 1941, em resposta às leis raciais antissemitas impostas na Hungria, Ella revelou à madre superiora que era judia. A freira sugeriu que ela se convertesse ao catolicismo, e Ella seguiu o conselho, batizando e confirmando Judit na fé católica.
Em março de 1944, a Alemanha ocupou a Hungria, dando início à prisão e deportação em massa dos judeus para campos de concentração. Em maio, Lorand foi convocado pelo SAS (Storm Soldat) para um batalhão de trabalho forçado e, em novembro, enviado ao campo de Schützen am Gebirge, na Áustria.
Enquanto isso, em junho de 1944, Ella e Judit mudaram-se para o apartamento dos avós, localizado na área judaica da cidade. Em 9 de outubro, Ella recebeu uma ordem de convocação para trabalho forçado, mas conseguiu evitar o registro e decidiu que ambas deveriam se esconder. Com documentos falsificados em nome de Anna Szabo (Ella) e Jozsef Ballo (Judit), ela procurou abrigo. A madre superiora ajudou a encontrar um lar onde Ella trabalharia como empregada doméstica e Judit como babá. No entanto, após um mês, a família que as acolheu decidiu fugir da Hungria devido ao avanço do Exército Soviético.
Mais tarde, conseguiram abrigo em outra casa, mas os proprietários desconfiaram de sua identidade, pois conheciam uma das pessoas cujos nomes constavam nos documentos falsos. Após uma discussão, Ella conseguiu convencê-los a deixá-las ficar ao mostrar fotografias da primeira comunhão de Judit.
No Natal de 1944, Judit, sua mãe e a família para quem trabalhavam mudaram-se para um abrigo subterrâneo para escapar dos frequentes bombardeios dos Aliados. Permaneceram escondidas até 13 de fevereiro de 1945, quando Budapeste foi libertada pelo Exército Soviético.
Em julho de 1945, Judit e sua mãe receberam uma mensagem de Lorand, trazida por dois jovens. O pai de Judit havia sobrevivido ao campo de trabalho na Áustria, que fora evacuado em abril de 1945. Ele e outros prisioneiros foram forçados a marchar até Mauthausen e, depois, para Gunskirchen, onde foram libertados em 4 de maio pelo Terceiro Exército dos EUA, 71ª Divisão. Durante a marcha, Lorand testemunhou a morte de seu irmão por inanição. Profundamente abalado, decidiu não retornar à família em Budapeste.
Em 1956, Judit deixou a Hungria para continuar seus estudos de música na Academia de Viena. Após se formar em 1960, emigrou para os Estados Unidos, com o apoio de seus tios que já residiam no país.
Fonte: United States Holocaust Memorial Museum (USHMM).