O Armazém da Riqueza Roubada
Em Auschwitz, um grupo de prisioneiros foi designado para coletar e organizar os bens confiscados dos detentos recém-chegados. Objetos de valor, como joias, dinheiro, roupas e outros pertences, eram separados, classificados e armazenados em grandes armazéns antes de serem transportados para a Alemanha.
Esses armazéns foram ironicamente apelidados de “Kanada”, a grafia alemã de Canadá. O nome surgiu porque, para os prisioneiros, o Canadá simbolizava riqueza e prosperidade, e os depósitos estavam repletos de bens preciosos retirados das vítimas do Holocausto.
Trabalhar no Kanada oferecia algumas vantagens em comparação com outras funções nos campos de concentração. Os prisioneiros que trabalhavam nesse setor tinham acesso a restos de comida trazidos entre as bagagens, o que podia significar uma chance maior de sobrevivência em um ambiente de fome extrema. Além disso, as condições de trabalho eram relativamente melhores do que as enfrentadas em outras áreas do campo, como nas pedreiras ou nos trabalhos forçados ao ar livre, onde o frio e a exaustão matavam diariamente.
Até mesmo os guardas da SS frequentemente roubavam do Kanada, roupas, joias e outros objetos de valor para uso próprio, antes do envio à Alemanha. A pilhagem dos bens das vítimas fazia parte do funcionamento sistemático da máquina nazista de exploração e extermínio.
O Kanada de Auschwitz era um reflexo cruel da lógica nazista: enquanto os prisioneiros morriam de fome e eram brutalmente explorados, seus bens pessoais eram acumulados e redistribuídos para alimentar a economia de guerra da Alemanha e o enriquecimento dos próprios perpetradores do Holocausto.
Fonte: Holocaust Explained in The Wiener, Viena.