Menino Afro-Alemão com Colegas de Escola

Perseguição Contra os Negros

Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, milhares de pessoas negras viviam na Alemanha. O regime as perseguia e discriminava, pois as considerava racialmente inferiores. Embora não houvesse um programa centralizado de extermínio direcionado às pessoas negras, muitas foram presas, esterilizadas à força e assassinadas.

Fatos-chave
✔ Os nazistas perseguiram e discriminaram negros na Alemanha, limitando suas oportunidades sociais e econômicas.
✔ O regime realizou esterilizações forçadas de diversas pessoas negras e miscigenadas, incluindo pelo menos 385 crianças da Renânia, pejorativamente chamadas de “Bastardos da Renânia”.
✔ Embora não houvesse uma campanha coordenada de prisão, muitas pessoas negras foram internadas em reformatórios, prisões, hospitais psiquiátricos e campos de concentração.

A Comunidade Negra na Alemanha Antes da Primeira Guerra Mundial
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), milhares de negros emigraram para a Alemanha, vindos da África, América do Norte, América do Sul e Caribe. Muitos eram homens das colônias alemãs na África, especialmente de Camarões.

Embora o governo alemão restringisse a imigração de negros, alguns chegavam ao país para estudar, aprender uma profissão ou trabalhar como marinheiros, empregados domésticos e artistas. Alguns atuavam em “zoológicos humanos”, espetáculos racistas populares na Europa no final do século XIX e início do XX.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, os deslocamentos se tornaram difíceis, e muitos desses imigrantes não conseguiram retornar aos seus países de origem. Após a guerra, com a derrota da Alemanha e a perda de suas colônias, esses imigrantes ficaram apátridas, sem documentos ou passaportes, e presos na Alemanha.

Negros na Alemanha Durante a República de Weimar (1918-1933)
Na República de Weimar, a comunidade negra na Alemanha era pequena, composta principalmente por homens. Muitos se casaram com mulheres alemãs brancas e formaram famílias, especialmente em Berlim, Hamburgo, Munique e Wiesbaden.

No entanto, o racismo era parte do cotidiano. O preconceito dificultava o acesso ao emprego, agravado pela Grande Depressão nos anos 1930. Mulheres brancas casadas com negros eram excluídas socialmente, tornando ainda mais difícil a busca por trabalho.

As crianças de famílias interraciais enfrentavam marginalização e discriminação, inclusive dentro das próprias famílias. Por exemplo, Theodor Wonja Michael, filho de um negro camaronês e uma alemã branca, recordou que seu pai era um “assunto tabu” entre os parentes maternos.

Outro problema era a falta de cidadania. Muitos homens negros não eram reconhecidos como cidadãos alemães, o que afetava suas esposas e filhos, pois, na época, a cidadania era herdada do pai. Isso os impedia de participar plenamente da vida social, econômica e política da Alemanha.

Apesar da discriminação, alguns negros encontraram espaço na vida cultural, especialmente no teatro, cinema, boates e circos. O fascínio alemão pela música afro-americana abriu oportunidades, mas essas carreiras eram instáveis e exploratórias.

A Ascensão do Nazismo e o Início da Perseguição (1933-1945)
Com a chegada dos nazistas ao poder em 1933, a situação dos negros na Alemanha se deteriorou rapidamente. O regime queria “purificar racialmente” a população alemã, excluindo judeus, romanis (ciganos) e negros.

Os nazistas promulgaram leis que restringiam os direitos dos negros, limitando sua educação, trabalho e casamento. O racismo, antes socialmente aceito, tornou-se política oficial do Estado.

A perseguição nazista não foi apenas racial, mas também política. Hilarius “Lari” Gilges, um dançarino negro e ativista comunista, foi assassinado pelos nazistas em 1933, logo nos primeiros meses do regime.

A discriminação econômica se intensificou. Muitos negros foram demitidos, despejados e passaram a viver na pobreza. Alguns recordam que eram cuspidos, insultados e agredidos em público, sem qualquer punição aos agressores.

Leis Raciais e Esterilização Forçada
As Leis de Nuremberg (1935) institucionalizaram a segregação racial. Elas proibiam o casamento e relações entre negros e brancos alemães, além de negarem a cidadania aos não “arianos”. O regime também impôs esterilizações forçadas para evitar a “mistura racial”. Entre os principais alvos estavam as crianças da Renânia, nascidas de mães alemãs e soldados coloniais franceses.

Um programa secreto da Gestapo esterilizou à força pelo menos 385 dessas crianças até o final de 1937. Durante a Segunda Guerra Mundial, as esterilizações forçadas continuaram, sem respaldo legal, e foram impostas a adolescentes negros e miscigenados.

Negros Durante a Segunda Guerra Mundial
Durante a guerra, a situação piorou drasticamente. Muitas pessoas negras foram presas em reformatórios, prisões e campos de concentração.

Alguns exemplos incluem:
✔ Mahjub bin Adam Mohamed (Bayume Mohamed Husen) – Preso e morto em Sachsenhausen.
✔ Martha Ndumbe – Detida e assassinada em Ravensbrück.
✔ Gert Schramm – Sobrevivente de Buchenwald.
✔ Erika Ngando – Presa em Ravensbrück.

Além das prisões, os nazistas usaram negros em filmes de propaganda, como no longa “Carl Peters” (1941), que promovia o colonialismo alemão.

Conclusão
A perseguição nazista contra pessoas negras na Alemanha não seguiu o mesmo modelo sistemático de extermínio direcionado aos judeus, mas foi severa e cruel. Os negros foram excluídos da sociedade, impedidos de casar, esterilizados à força, presos e, em muitos casos, assassinados. Suas histórias foram silenciadas por décadas, mas hoje, pesquisadores e memorialistas trabalham para reconstruir suas trajetórias e garantir que suas vozes não sejam esquecidas.

 

Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/afro-germans-during-the-holocaust. Acesso em 12 de mar. 2025

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